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MARCIO RUFFINO
( Rio de Janeiro – Brasil )
Marcio Rufino é poeta, ator, escritor, performer e historiador. Autor dos livros de poesia Doces Versos da Paixão (Acridoces Paixões) e Emaranhado, além de ter seus textos publicados em vários blogs, antologias, zines, revistas e jornais literários.
Participou de importantes movimentos culturais do Rio de Janeiro que valoriza as artes criadas ou produzidas na periferia como Sarau Donana, Universidade das Quebradas, Slam Tagarela, Flup, entre outros.
Como ator colaborou com importantes companhias de teatro da Baixada Fluminense como Queimados Encena e Cochicho na Coxia. Como performer atuou em Quebradas conta Abdias onde interpretou o multiartista Abdias Nascimento e Estação Nordeste onde interpretou poemas e letras de canções de poetas e letristas nordestinos como Chico Sciense, Patativa do Assaré e Ledo Ivo nos vagões do metrô do Rio de Janeiro. Um de seus poemas participou da exposição itinerante Poesia Agora.
Em 2019 foi um dos poetas cariocas a subir no Palco Favela para participar da I Batalha de Slam do Rock in Rio. Foi premiado com o Literattudo – Monteiro Lobato e o Destaq Baixada.
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COLETÂNEA VIAGEM PELA ESCRITA.Vol. VIII - Homenagem ao escritor Tanussi Cardoso. Org. de Jean Carlos Drumond. Volta Redonda, RJ: PoetArt Editora, 2021. 104 p. Apresentações por Jean Carlos Gomes, Álvaro Alves de Freitas, Anderson Braga Horta, Antonio Miranda, Ricardo Vieira Lima, José Eduardo Degrazia, Gilberto Mendonça Teles, Cláudia Brino & Vieira Vivo, Carmen Moreno, Christovam de Chevalier.
Ex. bibl. Antonio Miranda
JOGAR FORA
Jogar coisas fora traz sempre uma dor.
Dor da esperança da promessa da coisa
Que iria ser aproveitada, gozada ou criada,
Mas que se é desfeita
Antes de ser consolidada
Como aborto, vômito, mutilação ou castração,
Fruto do amor mal resolvido,
Gravidez indesejada, asco, crime ou desforra,
No momento de aprisionamento de textos,
Palavras, pastas, livros empoeirados, folhas,
Ideias, objetos e imagens
Dentro da negra sacola
Arromba dentro do peito
Como porta de casa tomada
A angústia da separação de um desejo
Que empoderada do ambiente
Faz amor com a frustração
Do projeto de realização subjugada.
Cabe agora se apegar ao espaço, ao vazio,
Que com a ajuda do tempo
Reciclará o ciclo das horas
Em novos vícios.
ENTRE A PRODUÇÃO E O ÓCIO
Às vezes escrevo como se não tivesse o que fazer
Como se o ócio fosse a verdadeira produção.
Foco é para os sensatos.
Não para mim
Que escondo visão mal cariada da vida
Como escravizados escondiam diamantes.
O terror pensa que me prendendo dentro de casa
Me esconde,
Mas a aglomeração de palavras que promovo
Me escancara.
No chão da minha casa há manifestações
De lápis de cor, giz de cera e canetas hidrográficas
Que repousam exuberante e altivas
Como num imenso encontro LGBTQIA+,
Na pequena mesa da cozinha
Livros de poesia resistem caóticos e molambentos
Concorrendo famigeradamente com as Redes Sociais;
Ambos me incitam como deuses arrogantes incitam profetas,
Mas em mim esses são tomados pelos poetas.
Tentam me fazer pastor,
Mas em mim este é tomado pelo ator
Até mesmo porque
No quintal da subjetividade
Prefiro ser pasto.
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Página publicada em fevereiro de 2022
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